A Luz Catódica Não Brilha Na Classe Econômica

Paris, os Franceses e a Gentileza...

Paris, Afinal!


Quem voa do Tibet para Paris fica com saudade do conforto dos dromedários! Como manda a norma de nossa religião, a fim de não perturbar a Luz Catódica, havia reservado pessoalmente passagens de primeira classe para mim e para minhas acompanhantes. O mundo dos homens, porém, não é perfeito... O vôo foi cancelado e tivemos de seguir na classe turística, após a aeromoça retirar quinze passageiros que tiveram a infelicidade de estar nos lugares que precisamos ocupar. É bom ser amigo do Rei, especialmente no Tibet...

Conforme descobri depois, chegamos em Paris mais ou menos no mesmo momento em que nossas bagagens devem ter chego na Austrália... Felizmente, os fiéis franceses providenciaram roupas para nós quase que imediatamente. Ah, a gentileza dos franceses...

Ao contrário da opinião geral, depois de muito meditar diante do meu monitor, cheguei à conclusão de que os franceses são gentis, mas com duas exceções relevantes:

A primeira é que nenhum francês sabe dizer não. Eles vão muito bem, até que tem de negar alguma coisa. Neste momento, ao contrário de outros povos, como, por exemplo, os habitantes do país das palmeiras, que chegam ao ponto de não dizer não e não fazer, num exemplo supremo de habilidade, os franceses se transformam em monstros. Pro exemplo: Se um turista pergunta a um alemão se ele fala inglês, o alemão dirá: não, sinto muito; se perguntar a um brasileiro, este mostrará sua arte dizendo: claro que falo e, em seguida, começará a falar português com sotaque e ainda reclamará que o inglês do turista é péssimo; já um francês, atordoado pela necessidade de negar, dirá: Não, claro que não, não me dignaria a falar esta língua de bárbaros, mesmo porque todas as mulheres que falam inglês ou são lésbicas, ou prostitutas, como sua mãe, seu bastardo! Vejam que o problema é muito mais de excesso de gentileza, do que de indelicadeza. Este povo não sabe falar não....

A outra exceção é decorrente da teoria dos números. Uma pequena porcentagem de parisienses, cerca de 10%, é indelicada sempre. Como estando em Paris normalmente você fala com pelo menos dez pessoas por dia, o resultado é que encontra pelo menos um imbecil que sempre pensa estar negando alguma coisa e se porta da maneira descrita acima, estragando o dia do infeliz e gerando a má fama do lugar...

Voltando à vaca fria, ou melhor, a Paris, nossos amáveis anfitriões nos arranjaram roupas caras e afeminadas (as únicas que se fabricam por lá), fazendo com que todos ficassem um pouco ridículos, um pouco desconfortáveis e, certamente por causa disto, um pouco sexy.

Agora, quase refeito da câmara de tortura da classe turística e ainda brigando com um filé duro comido com talheres de plástico (quando eu voltar a encontrar Osahma, ele me paga por isto...), acabo de sair de uma lojinha especializada em caviar, pertinho do antigo mercado Le Halles, onde pude escolher entre mais de vinte variedades de caviar russo... Paris é maravilhosa, o lugar perfeito para líderes religiosos semi aposentados se reconciliarem com a Luz Catódica. Um dia, todos que cremos na Luz Catódica vamos morrer e morar em Paris para sempre, uma Paris muito melhor, porque 10% dos seus habitantes, aqueles descontrolados, também terão morrido e estarão indo para algum lugar perdido do universo desconhecido que começa entre Guarulhos e Madureira...

Que a Luz Catódica os ilumine e lembrem-se, só clicar nos anunciantes pode garantir Paris,

Meh