Thursday, July 06, 2006

Tratado de Ornitologia Social, Primeira Parte:

Galinhas e Peruas

O ar fresco das montanhas me faz muito bem. Caminho pela borda dos precipícios que rodeiam o mosteiro todos os dias, logo depois que acordo. Ver o sol se pondo sobre os picos nevados e a névoa entrando pelo vale é sempre uma experiência renovadora, especialmente com a diminuição da camada de ozônio no planeta, permitindo que radiações de todos os matizes penetrem a atmosfera enriquecendo nossas auras...

Neste estado de contemplação pacífica, chego de volta ao mosteiro e observo as aprendizes, vindas de todos os países da terra, serem recebidas para iniciarem seu treinamento nas artes catódicas, todas perfiladas nuas sob a luz do crepúsculo. Paro e sinto o relampejar de um novo pensamento surgindo em minha mente...

Enquanto fico imaginando como serão aquelas aprendizes após alguns meses no mosteiro e que tipo de alegrias poderão dar a seus amantes, percebo como sofrem os filhos dos homens por nada entenderem de ornitologia.

Meninos, nunca confundam uma galinha com uma perua. Nunca imaginem também que uma galinha não possa também ser perua e que uma perua não possa ser galinha...

As peruas e as galinhas estão entre os animais mais dispendiosos da terra, perdendo apenas, em algumas situações, para os cavalos lentos.

Peruas gastam dinheiro em quantidade, fornecendo em troca muito pouco prazer. Sim, elas recebem bem os convidados e são capazes de permanecer falando durante horas sem dizer nada, mas ao fazer sexo se preocupam mais em não desmanchar o cabelo e não perder a chapinha, do que portar-se com a garra e intensidade necessárias.

Galinhas também podem ser caras, mas não são necessariamente caras. O seu grande defeito é a generosidade, é o querer dar para todos o que gostaríamos que fosse apenas nosso, mas cuidado! Aquela moça que faz tudo com os outros e nada com você, que você fica tentado a chamar de galinha, não é necessariamente uma galinha, pode ser apenas uma mulher de gosto refinado e um lembrete de que é hora da sua auto-crítica começar a funcionar...

Quando uma galinha é também uma perua, ela pode lhe arruinar muito rápido. A combinação de gostos caros, estática barroca e disposição para usar argumentos carnais convincentes, costuma ser devastadora para as finanças pessoais. Neste caso, seja socialista. Convença os outros que comem sua mulher a colaborar na manutenção!

Ter uma galinha em sociedade pode ser uma boa alternativa. Elas são como as lanchas. Fascinantes, dispendiosas, mas se você fizer bem as contas, trabalha muito para usá-las por muito pouco tempo. Quatro ou cinco amigos podem tirar muito prazer de uma galinha, sem muito dispêndio.

Esta é uma desvantagem das peruas. É comum que queiram exclusividade de seu patrocinador... Por outro lado, muitas peruas se mantêm sozinhas. O problema é que acabam por tornar-se carne amarga.

Exemplo típico são as executivas de trinta anos, evitadas até por garçonetes de fast food. A executiva de trinta anos normalmente é uma perua. Porta-se com o mal humor que imagina que um homem bem sucedido deveria portar-se, sem saber que homens bem sucedidos só são mal humorados perto de executivas de trinta anos e apenas porque elas são intragáveis... Essas meninas quando percebem que se trabalharem, fumarem, e comerem como seu colegas homens, embagulharão rapidamente, começam a ficar nervosas e irritantes. Fuma em restaurantes, falam rápido gesticulando, entregam-se a hábitos estranhos. Algumas passam as manhãs nas academias falando em celulares com toques exóticos e as noites em cursos sobre vinhos, tentando encontrar homens desavisados que as confundam com galinhas. Cuidado! Elas não são galinhas, mas peruas antropófagas, capazes de discutir a relação durante noites seguidas, mesmo quando não há relação entre a duração da discussão e a duração da relação...

Meus filhinhos, prevenidos vocês já estão... Que a Luz Catódica os ilumine e proteja, revelando excessos de maquiagem e as armações dos sutiãs estelionatários!

Meh

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